Numa das minhas constantes
idas ao supermercado, já vi muita coisa, mas pude presenciar uma cena que me
fez refletir. Ela tinha apenas uns três anos e batia o pé no chão, gritando,
chorando, pedindo por um chocolate que a mãe não queria (ou não podia) dar. A
mãe, constrangida, fazia ameaças à criança para que ela se calasse, mas acabou se
rendendo ao capricho da filha.
Que isso minha gente? Uma
criança de três anos manipulando a mãe dessa maneira? Na minha época, eram os
pais que nos manipulavam para que fizéssemos a vontade deles. E sempre
funcionava. Se eu fizesse pirraça no supermercado, bastava a minha mãe dizer
“vou te deixar aqui sozinha, heim”, que eu engolia o choro na hora. E só quem
já engoliu choro na vida sabe como isso é horrível.
Outra cena, dessa vez em
minha própria casa, também me deixou revoltada Estávamos preparando o almoço
(se é que lasanha congelada pode ser considerada um almoço decente), quando meu
primo de sete anos fez beicinho e disse que não ia comer. A mãe dele perguntou
o porquê, e fomos obrigadas a ouvir como resposta: “Ah mãe, essa lasanha não é
da Sadia”.
Como assim ele não queria
comer a lasanha porque ela não era da Sadia? Tá certo, eu assumo que a lasanha
da Sadia é a melhor que tem, mas quem ele pensa que é pra ser cheio das
vontades? Ele só tem sete anos! Eu só
pude ter essa regalia quando já era bem mais velha. A minha vontade no momento
era de enviar um e-mail para aquele programa de TV no qual a babá (Cris Poli) é
requisitada para educar as crianças, chamado Super Nanny. Aposto que,
rapidinho, ela ia dar um jeito no garoto e na mãe dele. Na mãe sim, porque se
ele é mimado é porque ela o mimou. Também quis chamar a mãe dele num canto e
conversar, mas achei melhor não. Quando tiver os meus filhos, vou educá-los da
minha maneira. Afinal, ninguém pode interferir no jeito que uma mãe cria seus
filhos. Só a Super Nanny.
Na minha época (não que eu
seja tão velha assim), “o buraco era mais
embaixo”. E ai de mim se sobrasse comida no prato. O cinto do papai estava
ali do meu ladinho. Calma gente, não sou a favor de espancar a criança para
forçá-la a comer. Mas também não sou a favor da Lei da Palmada. Só que isso já é
outra história.
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